sábado, 5 de agosto de 2017

Colmeias tradicionais em Ibiza (caseres)






 Durante a ultima viagem a Ibiza e como é tradição um dia foi passado nas abelhas (para matar saudades) 

Depois de muito pesquisar encontrei a associação de apicultores de Ibiza e marquei com o Sr presidente um encontro mas tal não foi possível devido á agenda do mesmo e também não consegui um apicultor para me poder mostrar a apicultura na ilha (estranho).

Parti então á procura de um apicultor o que veio a acontecer 2 dias antes da partida. Encontrei o António Benitez, um apicultor que já teve 200 colmeias e neste momento tem 30 e quer apenas ficar apenas co 5 pois nos seus 73 anos já não tem vontade nem força para mais.

O Antonio mostrou em casa os tubos de cerâmica usados nas colmeias tradicionais.



Depois foi a vez de vermos uma peça para apanhar enxames, nada mais que uma cabaça 



Dali fomos para o apiário do Antonio onde embora em ruínas tinha lá a 1ª surpresa uma colmeia tradicional de Ibiza á qual lhe dão o nome de caseres, nada mais que pouco de história apícola já muito degradada mas dava para ver que em tempos foi uma colmeia. 


O resto da apicultura é como a nossa, colmeias langstroth com meia alça e ainda com mel pois o António tinha a carrinha avariada e ainda não tinha retirado o mel que diz também ser pouco pois a ilha está muito seca tal com aqui em Portugal a vegetação estava nos limites da sobrevivência



 Veja aqui um video da colmeia tradicional em ibiza
  
                 



                   

 De seguida fomos então para uma viagem no tempo. Pelo caminho vimos vegetação local composta principalmente por floresta de pinheiro mas havendo uma abundante quantidade de alecrim, urze, funcho, amendoeiras, alfarrobeiras e algumas plantas autóctones.


Chegamos então a um apiário a um apiário abandonado mas onde se notava que num passado não muito distante tinha tido muita atividade a ver pela quantidade de peças de museu (colmeias) que tinha embora em ruínas eram muitas.

 
Falamos com o nosso simpático e experiente guia sobre a famosa colmeia de Ibiza e foi nos explicando a sua maneira de construção, consistia em fazer uma base de pedra, em seguida era colocado lá o tubo que podia se de cerâmica, um troco de arvore oca ou com madeira entrelaçada e em seguida revestida com argila para dar consistência. tivemos a oportunidade de ver as 3 versões embora todas muito degradadas.
Colocado o tubo em cima da base de pedra, o mesmo era coberto por algas marinhas além se degradar com dificuldade concedia um bom isolamento, em cima das algas colocavam terra proveniente de poços onde fazia carvão vegetal dando uma terra que segundo ele era impermeável e por ultimo colocavam pedras em cima do conjunto afim de a água da chuva não entrar. Para a tira do mel tiravam alternadamente um ano tiravam os favos da frente e o ano seguinte tiravam os favos na traseira da colmeia garantindo assim a renovação da cera na colmeia.
Este tipo de colmeia terá tido origem na civilização cartagineza ou punica que dominaram a ilha durante séculos. Hoje estas colmeias estão em desuso tal como os nossos cortiços embora na ilha pelo menos uma foi reconstruida para fins didáticos e segundo relatos haverá mais algumas de particulares ainda com abelhas 12 estão catalogadas. Também nos foi dito que no final dos anos 60, inicio dos anos 70 do Sec passado começaram a ser abandonadas e substituídas por colmeias modernas principalmente as langstroth o golpe de misericórdia viria a acontecer quando a chegou a varroa (trazida para a ilha por apicultor alemão que trouxe vários enxames de bukfast com varroa) no inicio dos anos 90 dada a dificuldade de tratar as mesmas foram quase á extinção (tal como com os nossos cortiços). Na ilha foi feito um estudo e já encontraram 677 colmeias destas a quem eles chamam de CASERES dispersas por 60 apiários algumas das quais datavam do SEC XVII. 
Na ilha está também a decorrer um programa de introdução de abelhas autóctones vindas da ilha vizinha Maiorca pois segundo consta com a varroa foram introduzidas abelhas de fora e a local quase foi á extinção.        

Com isto nada mais e em 2018 espero que o ano apícola seja melhor que 2017 e estou encantado por ter viajado no tempo mais uma vez pois encontrar estas marcas da história é cada vez mais difícil e também é um testemunho que a apicultura também tem evoluído e o tempo não pode parar mas também acho este fósseis do nosso passado recente não devem ser completamente abandonados.

Um agradecimento ao António (o nosso guia), ao Pr Russo que também abdicou de um dia de férias e á minha esposa por ter descoberto o video onde estavam estas magnificas colmeias

Venha 2018

Francisco Rogão


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