sexta-feira, 26 de novembro de 2021

A importância dos testes à taxa de infestação pela varroa

Quando comecei na apicultura em Abril de 1990 já havia varroa em Portugal pelo que eu nunca pratiquei apicultura sem essa praga a atormentar os apicultores e a mim mesmo.




Nesse tempo apesar da sua entrada recente no país e tendo dizimado cerca de 80% do efetivo nacional o seu controlo não era muito complicado. Comprávamos umas bisnagas que não sabíamos o que vinha dentro era um produto que parecia açúcar em grãos e 2 vezes por ano colocávamos aquilo e já estava, não tínhamos a pressão das datas era durante Fevereiro ou Março e em Setembro ou Outubro e a praga estava controlada.




Com o passar do tempo começamos a ter alguns produtos homologados (poucos) mas dava para a manter a níveis aceitáveis, pelo menos pensávamos nós pois não fazíamos qualquer medição.


A praga também se tornou cada vez mais resistente e com o mesmo maneio as mortes eram cada vez mais e nós apicultores como não fazíamos monotorização apenas dizíamos que tinham morrido 10, 20, 30% ou mais e continuávamos sem saber as razões.




Nos últimos anos as percas atingiram valores assustadores e apesar de se atribuir as causas das mortes a muitos fatores, o que se tem verificado na maioria das vezes é que a 1ª causa foi a varroa, em seguida aparecem outras doenças que se aproveitam da fraqueza das colónias debilitadas pela varroa que acabam por lhe dar o golpe de misericórdia e o apicultor se não fizer a monotorização vai atribuir as mortes a tudo menos à varroa.


Teste á varroa pela queda, este teste só nos diz se há varroa ou não e se tratamento a fez cair mas nada no diz sobre a taxa de infestação.




Hoje em dia já não podemos tratar pelo calendário tal como fazíamos há algumas décadas a atrás. Temos que tratar sempre fora da época de produção mas se estiverem com níveis altos em época de produção retiramos as alças e salvamos o enxame, não esperar até a colmeia estar sem abelhas.




A pensar nos apicultores e sabendo da enorme falta de partilha de conhecimento que havia, para que pudessem tirar dúvidas em 2020 e como não se podia fazer ações presenciais demos inicio à formação em linha na qual os apicultores que participaram puderam ver os vídeos e tirar dúvidas na hora. Vendo que ainda há muita falta de informação e as colónias continuam a colapsar e os apicultores na sua maioria sem saberem as causas, vou aqui partilhar 2 vídeos que fiz no verão de 2021 e 1 no verão de 2020, nos quais podem ver como se faz a monotorização da varroa, cada um com os próprios meios e sem recorrer a equipamentos economicamente intocáveis.

Teste infestação abelha adulta. Neste vídeo pode ver como verificar a taxa de infestação.




O que podemos então fazer?

1º antes de fazer o tratamento verificar o nível de infestação tirando uma amostra de 2 colmeias por apiário, se o nível de infestação o justificar fazer o tratamento e passados 11 dias voltar a medir a taxa de infestação. Dessa maneira fica a saber a eficácia do tratamento  e se o mesmo não baixou, contatar quem vos dá assistência técnica e pedir outra alternativa de tratamento e voltar a tratar.



Teste de infestação na criação.
Neste vídeo pode ver como verificar a taxa de infestação na criação.




Se passados 11 dias a taxa tiver começado a descer, fazer nova medição passados 21 dias e aí já há um ciclo completo de nascimentos de abelhas e (varroas), se for na época em que há criação de zângãos pode fazer o teste passados 24 dias após tratamento e garante que todos os zângãos com postura feita após tratamento nasceram. Aqui se os níveis continuarem a descer e as taxas não estiverem nos limites espere até ao fim do tratamento (ver folheto do produto), volte a verificar e só assim pode ficar ficar descansado no que á varroa diz respeito.




Na 1ª verificação teste a criação e a abelha adulta


Se tiver duvidas sobre a eficácia do tratamento, não arrisque trate um numero pequeno de colmeias e só se os resultados forem satisfatórios deve então proceder ao tratamento de todo o efetivo sem no entanto deixar de fazer a monotorização da taxa de infestação. No mercado há mais de 10 produtos homologados pelo que se não funcionar com um tem ainda outras alternativas legais para salvar as suas abelhas, mas não vá em cantigas seja um apicultor autónomo e decida em função dos resultados que obteve pois o que resulta num local pode não funcionar no outro, apesar de sermos um país pequeno temos climas e vegetação muita variada.


Espero ter ajudado.

Boa apicultura.

   


     

     

Sem comentários:

Enviar um comentário

A moderação de comentários está activa. Todos os comentários têm de ser aprovados pelo autor do blogue.